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Atualizado: 11 de dez. de 2018

Nau das Cores by Fernanda Tarkan


O preto é uma cor? Impossível iniciar uma conversa sobre essa enigmática cor sem tocar nessa questão, que divide opiniões e tem como argumento dos que professam que o preto não é uma cor é o fato de a considerarem a ausência da reflexão da luz.

Essa ideia vem do Impressionismo – movimento artístico que teve início na França em 1870 e que tinha apenas um tema: a cor! Não fazia diferença para os pintores impressionistas o que estava sendo retratado, a forma era apenas um pretexto para reproduzir os efeitos mais puros, intensos e luminosos das cores. Assim, esses pintores consideravam a luz branca como a somatória de todas as cores, o que tornava o preto – oposto ao branco – a ausência de luz, ou uma “não cor” como alguns diziam.


Para o Impressionismo, pintar com tinta preta era proibido, e as sombras e pontos escuros das telas deveriam ser coloridos a partir da mistura de outras cores, imposição que conquistou vários artistas contrários à essa tendência, entre eles Renoir e mais tarde Van Gogh.


Existem 50 tons de preto – e não de cinza, como diz o best seller de E.L. James! O mais profundo é o do veludo preto, embora, o preto absoluto, ou ausência absoluta de luz, seja obtido apenas por físicos em seus laboratórios. Considerando as cores acromáticas – branco, cinza e preto, o branco é o início, o cinza é o juízo final e o preto o fim, por isso a cor é relacionada à sujeira, podridão e à falta de possibilidades.


Mas nem só de ponto final vive o preto. Ele também pode indicar uma reversão de valores, como simbolizar a selvageria quando associado ao vermelho, ou o egoísmo, se associado ao alegre amarelo.


Como costumo dizer em minhas palestras, as cores devem sempre ser consideradas em seu contexto. Mudando-se o cenário, muda-se a interpretação inconsciente da cor. Assim, no contexto religioso, o preto representa conservadorismo e com isso a estabilidade e seriedade que se busca em um representante divino.


Quando as ordens cristãs foram fundadas, os hábitos dos monges eram de lâ crua, com manchas cinzas, pardas e beges. Até o ano 1.000 dc estabeleciam-se cores para as ordens dos religiosos: cinza e marrom para os monges que viviam na pobreza e preto para os que se permitiam algum luxo – isso devido ao fato de que tingir um tecido de preto era mais caro do que de cinza ou marrom. Com isso, o preto se tornou a cor preferida das ordens monásticas.


Considerando o alto custo de tingimento colorido para os tecidos, na Idade Média os tecidos coloridos e luminosos eram privilégio das classes mais ricas e nobres – ou seja, COR REPRESENTAVA PODER. Porém ao longo deste período a nobreza foi se empobrecendo e a burguesa começou sua ascensão, passando a se vestir com os tecidos coloridos que a nobreza não podia mais comprar. Neste momento, a COR REPRESENTAVA RIQUEZA! Ainda neste período, um outro fato transformou o modo de vida das pessoas: a Inquisição, que, pregando contra a vaidade e as alegrias mundanas, instituiu que as vestimentas coloridas iam contra as vontades de Deus. Com isso, as cores escuras, especialmente o preto, dominaram a Idade Média. A continuação dessa história e como o preto da reversão e da negação virou o pretinho básico do nosso dia-a-dia!


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